quinta-feira, 8 de março de 2007


JORGE SILVA MELO CONVERSA COM GLICÍNIA QUARTIN

A Cabana dos parodiantes proporcionou no dia 1 de Março a que Jorge Silva Melo fizesse uma homenagem à actriz Glicínia Quartin. Foi projectado um filme em jeito de entrevista/documentário da autoria do Jorge, realizado um ano antes da actriz falecer, 2005.
Filmado em estúdio e recreando a casa da senhora, é-nos dado a ver uma actriz desfilando o seu passado, no teatro, cinema e televisão, passado esse que é tambêm o de um país. Portugal cinzento e castrador, de costas voltadas para a cultura não massificada, a tal que era consumida pelas cabeças pensantes. Mas, de facto, a ditadura de Salazar não se sentia confortável com estas manifestações artísticas, logo, o lema era tornar difícil os intervenientes destas " práticas ". Na verdade, Glicínia nunca facilitou, movimentando-se sempre na sua actividade, com textos e personagens polémicos. Desde o Teatro Experimental do Porto e de Cascais, passando pelo Teatro Nacional D.Maria II, Casa da Comédia, Bonecreiros, Cornucópia e mais recentemente com os Artistas Unidoshttp://www.artistasunidos.pt, houve da parte da actriz uma preocupação de identificação e de honestidade com o seu trabalho.
Após o visionamento do filme, o Jorge abriu-nos o seu " livro " e conversou connosco, como se em sua casa estivesse, de tal maneira, que se desligou o microfone. Quanto ao resto, falou-se da Glicínia, do teatro do seu tempo e do seu país, que é, sem dúvida, o nosso, ontem, hoje e agora.
É preciso muita coragem e ser muito teimoso, para continuar a fazer teatro de qualidade em Portugal...que o diga o Jorge.

1 comentário:

Anónimo disse...

um senhor do teatro português na Cabana, é um luxo, ou não fosse habitual termos gente com qualidade nas conversas da cabana.
excelente a passagem do filme do Jorge Silva Melo sobre a Glicínia e que bela homenagem, excelente a conversa até madrugada adentro sobre este país que não defende os nossos direitos...
já agora, onde ficaram os " rapazes da aldeia", eles podiam dar-se ao trabalho de reverem um homem que os ajudou a certa altura no difícil trabalho de erguer um grupo de teatro.