sexta-feira, 15 de dezembro de 2006


Como a Cabana se transformou numa sala de cinema na noite dos Jovens Realizadores
No passado dia 30 de Novembro, quem fosse á Cabana para tomar o seu cafezinho, e não soubesse que nessa noite de Conversas, se iriam projectar 4 curtas metragens de 4 jovens realizadores, julgaria que por engano tinha entrado numa sala de cinema: na realidade, todo o ambiente nos levaria a supor essa ideia, já que o projector de video, a aparelhagem de som com duas colunas e o ecrã gigante cedidos amávelmente pela Escola Profissional de Salvaterra de Magos, enriqueceram, e de que maneira, os próprios filmes exibidos, não esquecendo o " escurinho do cinema ".
Perto de setenta cinéfilos acotovelaram-se o melhor que puderam para verem 3 curtas concorrentes ao festival Indielisboa 2006:
- " Quinta da curraleira ", documentário de Tiago Hespanha, á volta de um pombal que resistiu à demolição da do bairro degradado da Curraleira e a relação do seu dono com os pombos e com " a nova cidade " que nasceu para albergar os moradores.
- " Hortas de Lisboa ", documentério de Valdemiro, sobre uma das inúmeras hortas existentes no meio de Lisboa, desta feita, em Olaias, propriedade da Câmara da cidade. nesse micro- cosmos, várias pessoas tentavam reencontrar as suas origens rurais, fazendo das hortas o seu meio de sobrevivência e o seu refúgio de uma cidade cada vez mais desumana e artificial.
- " Ao fundo do túnel " , curta metragem de ficção, de João Pupo, com actores profissionais, que conta o drama de um pai que perdeu a visão e aceita ser operado para voltar a rever o seu filho, depois de muitos anos.
- " Sê-lo ou não selo ", uma curta de animação da autoria de Isabel Aboim, cheia de ritmo, cor e alegria, com uma banda sonora e uma voz lindíssimas. De todos os filmes apresentados, este foi sem dúvida o que mostrou mais créditos, ou não fosse a artista, senhora de um percurso muito rico, com presença em diversos festivais do género em Portugal e no estrangeiro.
Após a exibição, iniciou-se uma conversa despretenciosa e reveladora dos bastidores dos filmes apresentados, com os realizadores a segredarem-nos os truques e as peripécias ocorridas durante a realização dos mesmos. O cinema em Portugal foi tambêm debatido, assim como as políticas que tem sido desenvolvidas, ou não, pelos sucessivos ICAM'S, para fomentar a sétima arte junto do público português e a criação de novos espectadores nas camadas etárias mais novas.
Como estas Conversas da Cabana ocorreram na véspera do feriado comemorativo da Restauração de Portugal aos espanhois, a noite já acabou madrugada adentro. Ao sairem da cabana, os clientes não tiveram dificuldade de enfrentarem a noite, pois o escuro lá fora era idêntico ao que tinham deixado na Cabana...o escurinho do cinema.