sábado, 21 de fevereiro de 2009

PADRE MÁRIO DA MACIEIRA DA LIXA NA CABANA



Nova tertúlia na Cabana dos parodiantes já nesta 5ª feira, 26 de Fevereiro. Vamos receber o Padre Mário de Oliveira, mais conhecido pelo Padre Mário, da Macieira da Lixa.O tema da conversa centrar-se-á á volta da figura de Jesus, Judeu, o de Nazaré. O orador convidado, que vem de comboio desde Felgueiras até Santarém, traz na sua bagagem um autêntico manifesto em defesa do " Jesus real, histórico, o carpinteiro, o filho de Maria, o Messias-Filho-do-Homem-Crucificado ", em detrimento do " Messias ou o Cristo Jesus como o Vencedor, na linha do rei David ".Com 33 livros editados, padre Mário é um profundo conhecedor dos evangelhos apócrifos e ambiciona que a civilização ocidental tenha acesso á verdade sobre os fundamentos dogmáticos da sua religião. a Católica, Apostólica e Romana. Nessa noite iremos servir um jantar cuja ementa é influenciada pela gastronomia judaica. É uma refeição especial para uma noite especial. Uma noite que precede o Carnaval e antecede a Páscoa. Uma noite repleta de simbolismo:


PRATO ESPECIAL DA NOITE ( além dos pratos que constam da ementa )
- Tajem de frango, acompanhado com arroz marroquino e Varenikes


- Pão de passas e sementes, Vinho de boa cêpa, Café e sobremesa


(10.00 euros por pessoa) Marque a sua mesa quanto antes tlf: 263504177

UM MOTOQUEIRO QUE SE TORNOU AMIGO DA CABANA

Num belo dia de primavera antecipada, em Fevereiro, um amigo motoqueiro de Alcantara, em Lisboa, estacionou a sua moto em frente á Cabana dos Parodiantes e almoçou.
Fácilmente se tornou nosso amigo, como se pode notar no post que ele fez questão de colocar no seu blog A garagem das Carriças:

PEQUENO PASSEIO DE INVERNO
« Na Estrada de Santiago, ou Via Láctea, cá no meio, há uma Terra que tem uma terra chamada Portugal, à beira mar onde acaba o continente Europa, na sua parte Ibérica, e onde a diversidade dos ambientes, das paisagens, dos hábitos e das gentes, justificam percorrer trajectos que, ainda que curtos, têm essa riqueza da variedade e mudança de ambiente, em poucos quilómetros.
O Inverno tem sido duro. Chuvadas atrás de chuvadas ao longo do mês de Janeiro levaram a que depois do Desfile Motard em Lisboa no dia 5, referido em post anterior, não houve mais lugar para passeios nem a necessidade me obrigou a circular com a Carriça VII.
Como é fácil perceber a ansiedade já era muita, já só dizia para mim mesmo
- estrada, estrada, estrada, o que me apetece é estrada e nem sei bem aonde ir.
Mal o céu abriu e houve Sol radioso optei por voltar onde já andava para voltar há muito tempo. Nada de grandes distâncias e extravagâncias nos gastos mas com a expectativa de compensar a deslocação. O objectivo: a Cabana dos Parodiantes em Salvaterra de Magos, para comer boas enguias.
Fiz o trajecto costumeiro à saída para Norte, pela A1, por mais que deteste AEs é o que mais depressa me livra do ambiente urbano de grande cidade rodeada de subúrbios e ao passar a ponte sobre o Tejo de Vila Franca de Xira cantei a Cantiga da Carriça para celebrar a passagem à estrada, estrada propriamente dita, onde não há mais as barreiras dos prédios altos e dos muitos muros que tapam as vistas dos horizontes largos.
Ao longo das estradas do Ribatejo, por esta altura do Inverno, as terras mostram-se ora áridas, em pousio, ora verdes resplandecentes, conforme as culturas. Vêem-se por vezes pequenas manadas de cavalos, pareceram-me Lusitanos, e também gado bovino a pastar por ali, à vista da estrada que é bordada de árvores e na berma mostra o verde culminado de amarelo das florzinhas das azedas que me lembraram a sensação que sentia quando era miúdo e as mastigava – vinham as lágrimas aos olhos e depois picava na ponta do nariz, e aquele amargo era bom.
Passou Samora Correia e não tardou estava já em Salvaterra de Magos. À esquerda pela via principal e lá está a esplanada e o restaurante Cabana dos Parodiantes, dos Parodiantes de Lisboa.
Cometi um erro, havia consultado dias antes a página na net da Cabana
onde informam da folga na tarde de 4ª f., mas não sei porquê, confundi com folga à 3ªf.,e como fui na 4ª f., ainda assim, tive a sorte de me servirem o almoço, mas o projecto que levava de ficar para fotografar o ambiente depois dos comensais saírem, fica para a próxima.
Depois fiquei desiludido do projecto das enguias, fritas ou de ensopado, uma delícia, era mas, agora as exigências em moldes europeus de inspecções e mais inspecções, juntamente com a falta de gente para a apanha, fazem com que a oferta fique confinada ao fim de semana. Pelo que percebi da conversa com que simpaticamente me atendeu o dono ou gerente (suponho), que reconheci de visitas anteriores, este é mais um dos locais onde as nossas tradições e hábitos são trucidados pelos moldes europeus onde está generalizada a comida industrial e os hábitos de higiene pessoal são inferiores aos nossos. Este restaurante antigo e com história já passou pela obrigação de tirar os bidés das casas de banho – o que é muito estranho pois é muito útil na higiene íntima (tanto feminina como masculina) mas não se usa no estrangeiro…
E sabem que mais, companheiros motards e contemplativos desta Garagem das Carriças? A ida a Salvaterra, mesmo sem irós, compensou largamente, também pela comida. Segui a sugestão do “chefe” e comi um Bife à Patilhas e Ventoinha (com tudo, isto é, além da farta fatia de carne frita num molho delicioso, salada, batatas fritas, fatias de queijo e de fiambre, e o indispensável ovo a cavalo, uma delícia). E um “barrete” (uma variante exclusiva de queijada) com o cafézinho.
Insatisfeito de estrada e não gostando por norma de percorrer os mesmos trajectos, apontei para um pouco mais longe: Coruche. Pelo caminho ainda tinha em vista uma paragem na Barragem de Magos.

Neste magnífico espaço a cerca de 10 kms. de Salvaterra de Magos, indo para Coruche, já havia imaginado que poderiam acontecer encontros espontâneos ou mesmo concentrações com reduzidos recursos, tais como alguma coisa que se coma e se beba, mais uma música que podia acontecer ao vivo ou mesmo vinda de uns “tijolos” ou de umas Hi-Fi instaladas em Gold Wing. Mas não. Já lá estive num Verão em que havia restaurante e aluguer de gaivotas e de cavalos, mas das últimas vezes que lá estive só encontrei instalações e equipamentos abandonados e quase ninguém por ali – o máximo sossego. E por ali fiquei fazendo parte da digestão, fumando uns cigarritos enquanto ouvia o canto dos pássaros e o grasnar dos patos, estendia a vista por cima de águas até ao outro lado do lago formado, e respirava um ar que não há aqui, na cidade.

Anoitece cedo, e com a noite o que fica para ver é a estrada, o que é delicioso para quem viaja com o objectivo de fazer quilómetros rapidamente com menos trânsito nem distracções, o oposto do meu objectivo. Daí que passei por Coruche sem parar, e pelas suas várias pontes e pontezinhas em direcção a Sul, numa delas pareceu-me haver uma intervenção do artista plástico Christo pois estava toda forrada, mas não é certo, talvez dum plagiador, e mais um troço de estrada aberta para andar à vontade entre pinheiros, chaparros, eucaliptos, alternando ao longo da estrada.
Com o Sol em queda à minha frente a atenção teve de redobrar, mesmo com óculos de lentes escuras a visão fica limitada. Pelo canto do olho, ao entrever o espelho retrovisor esquerdo vislumbrava um motociclista que persistentemente me seguia, uma figura cinzenta que se afirmava sobre o alcatrão sem qualquer esboço de intenção de me ultrapassar e mais parecendo querer simplesmente acompanhar-me. Foram longos quilómetros assim, eu a vê-lo, pelo canto do olho, sobre o lado esquerdo e nada acontecia. Até que as voltas da estrada o começaram a revelar ora sobre o lado direito ora sobre o lado esquerdo, mas nunca me querendo ultrapassar, só acompanhar. Assim vim com a minha sombra até aos acessos à ponte Vasco da Gama sobre o Tejo.
E avizinhava-se o retorno à cidade, ao seu bulício, confusão, engarrafamentos. Com a Ponte Vasco da Gama tenho uma mala pata que nem sei explicar nem sou supersticioso. Perco-me. Já há uns anos fui levar os meus pais no seu carro à Costa de Caparica pois o meu paizinho que Deus tem, um exímio motorista que tanto me ensinou das máquinas, já não estava capaz de conduzir. Aconteceu nesse Domingo haver uma maratona que impedia o trânsito na Ponte Sobre o Tejo, caminho mais próximo para a Costa de Caparica. Decidi então ir pela Ponte Vasco da Gama, que ainda não tínhamos passado, e logo havíamos de ir dar à Caparica. Ora acontece que à saída para a margem Sul não havia (nem há) qualquer indicação nesse sentido, por forma que me meti a extravagar à procura. Saí da auto-estrada logo que pude para estradas secundárias e lá andámos pela beira-rio à procura de caminho para a Costa de Caparica. Num ponto desolado, sem gente à vista nem qualquer informação, optámos por satisfazer necessidades prementes – foi um xi-xi de família. E depois de muitas voltas, já passada a hora da maratona, a opção foi regressar de novo pela Vasco da Gama, ou teríamos de ir a Setúbal para voltar atrás, pareceu-me. Só que à saída da ponte perdi a orientação, e lá fui andando até a reencontrar, o que só aconteceu na saída para Sto. António dos Cavaleiros… Enfim, passar por Sto. António dos Cavaleiros, depois de Alcochete, para ir para a Costa, é passeio.
Desta vez a desorientação não me levou tão longe, realmente não dei com a saída para a beira Tejo Norte, conforme pretendia, e lá me fui meter no engarrafamento da 2ª Circular a estragar-me a quietude interior que comigo trazia.
Se compensou? Largamente!
A Carriça VII? Excelente no seu desempenho. Com muito baixo consumo e muito confortavelmente passeia-me – um pequeno ferro que tanto gozo me dá.

A Garagem das Carriças sugere: passeiem pelo Ribatejo, aproveitem Março, mês das enguias, para visitarem o belo espaço da Cabana dos Parodiantes, e depois digam se não é bom. Afinal, neste pequeno passeio de Inverno, neste espaço da Estrada de Santiago, em menos de 200 kms. andámos por 3 distritos – Lisboa, Santarém, Setúbal. »

Saudações
António Carlos Borges