quarta-feira, 4 de agosto de 2010

75 ANOS DE RADIO PORTUGUESA E OS PARODIANTES DE LISBOA.


A Rádio Portuguesa comemora hoje 75 anos em Portugal. A Emissora Nacional foi a primeira a ir para o Ar, ainda decorria a 2ª grande Guerra Mundial. Os nossos Parodiantes de lisboa começariam a sua humorística aventura nas ondas hertzianas, sete anos depois na Radio Peninsular, sediada na Voz do Operário, com o famoso Parada da Paródia.


Ferro Rodrigues, Santos Fernando, Mário de Meneses, Mário Ceia, Manuel Puga, José Andrade, Ruy Andrade entre outros, foram os grandes obreiros de um formato de programa humorístico que duraria 50 anos.


Os Parodiantes de Lisboa, apesar de terem desligado os emissores em 1997, tambêm estão de parabêns.


Para quando a verdadeira homenagem aos Parodiantes??

FORCADOS - A ESSÊNCIA DA FESTA BRAVA COM EURICO LAMPREIA. UMA NOITE DE AFICION NA CABANA!




A tão esperada noite dedicada aos últimos românticos da festa brava, finalmente iria acontecer, depois de ser adiada há um mês atrás. A noite dos forcados, pois então, sendo o convidado o grande ex-forcado Eurico Lampreia, um dos mais notáveis de sempre em Portugal.


Esperavam-se gente aficionada, intervenientes da tourada nas suas variadas vertentes, ou não fosse Salvaterra de Magos, terra de touros e cavalos. Mas na verdade poucos apareceram, á excepção de cinco elementos do único grupo de forcados feminino do mundo (sediado em Benavente) e três representantes do GFA de Lisboa.


Onde pára a unida classe tauromáquica do Ribatejo?


Uma coisa é certa, a 43ª edição das Conversas da Cabana dos Parodiantes cumpriu-se com a sala composta por apreciadores e curiosos do fenómeno tauromáquico.


Quem fez as honras da casa, foi o cliente e amigo João Ramalho, tambêm ele forcado na sua juventude, criador de touros bravos e profundo conhecedor dos meandros da cultura das touradas.


Logo a abrir, tivemos o privilégio de vermos o filme da magistral pega que Eurico Lampreia realizou na Monumental de Madrid, " Catedral do Toureio ", com um touro em pontas, em 1980. Ele recebeu o troféu “EL HOMBRE DE LA TARDE”, que segundo o próprio somente o factor sorte tornou possível a concretização da pega.


É de facto uma extraordinária pega e não é preciso ser especialista no tema para perceber que um homem encaixado na cabeça de um touro em pontas com 600 kg, durante vários minutos, sem que os restantes membros do grupo conseguissem ajudá-lo, é realmente um acto radical.



A euforia á volta dessa pega foi tal, que o filme passou na televisão repetidas vezes e foi noticia na imprensa espanhola durante vários dias.



Trinta anos depois e sem que Eurico Lampreia esperasse, eis que foi homenageado em Badajoz, no Club Taurino Extremenho, no mês passado, tendo recebido o precioso filme que pudemos visionar.



O principal motivo que trouxe o Eurico Lampreia á Cabana dos Parodiantes, não se encerra na sua excepcional carreira de forcado. Ele veio lançar o livro da sua autoria " Forcados, os últimos românticos da festa ", documento em dois volumes, o mais completo jamais feito sobre os forcados, desde a sua origem no século XIX até aos nossos dias, com imagens de vários fotógrafos de pegas dos últimos 40 anos.


Pegas para todos os gostos e feitios, impossíveis, caprichosas e acrobáticas, exemplos de coragem e bravura de homens que desafiam a morte.


Apesar do momento da pega, ser para Eurico a essência da festa brava, ela não seria possível sem as lides que a antecedem. Eurico Lampreia recordou-nos um episódio da sua recheada vida, para comprovar a ideia de que é impossível um grupo de homens conseguir travar um animal com a força e o peso de um touro, sem que antes seja picado e lidado.


O mestre Nuno Salvação Barreto ( o orador nunca se cansou de homenagear o seu mestre ), foi convidado, mais o seu grupo, na qual Eurico fazia parte, para participar numa corrida de touros nas ilhas Canárias. Por uma série de circunstâncias que não vale a pena aqui frisar, a referida corrida viu-se reduzida sómente ás pegas. Salvação Barreto ousou, assim, atentar contra a regra e a lógica do espectáculo. Num gesto de excentricidade, quis provar que a arte e a técnica dos seus discípulos seria suficiente para domar o touro. Desastre total. Eurico lembra-se de despertar num quarto de hospital da ilha espanhola, cheio de hematomas. Outros camaradas seus tiveram a mesma sorte nessa corrida. Tratou-se de um erro, uma loucura, disse Eurico, num misto de nostalgia e orgulho.


Com um moderador de peso como o ganadeiro João Ramalho, seria uma pena não ouvirmos da sua larga experiência, no que diz respeito ao universo do touro bravo e as suas especificidades. Contribuiu a sua esposa, Angela Sarmento, mais conhecida por Tareca, para dar um perfume feminino, recordando tardes gloriosas passadas em praças, peripécias com vacas, garraios e touros na quinta das gatinheiras, onde se criam os touros bravos da ganaderia D. João Ramalho.


Já no cair do pano, Eurico Lampreia homenageou a mulher, lembrando-se de sua saudosa mãe e aproveitando a presença na Cabana de elementos pertencentes ao Grupo de Forcados Feminino de Benavente.


Tambêm a Cabana dos Parodiantes é feminina e essa condição sentiu-se durante esta noite especial, vestida de coreografias e cores da festa brava.