
Fosse o poeta Fernando Pessoa, um anónimo cidadão que regularmente se sentava nas mesas do café Martinho da arcada para tomar café e bagaço e escrevinhar umas coisas tolas nuns pedaços de papel, fácilmente confundido com um desses seres alienados, que vagueiam pelas cidades em busca da utopia inalcançável; fosse assim e o dito Café nem chegaria a cumprir 225 anos de vida nem a atrair tantos turistas em todo o mundo; fosse assim e o Martinho da Arcada não seria escolhido pela presidência austríaca da União Europeia, como representante português dos cafés da Europa, iniciativa que vai ser realizada dia 9 de Maio em 27 Cafés representantes dos respectivos países.
No entanto a realidade actual do mítico estabelecimento, com as mesas reservadas ao serviço de restaurante, com preços para turistas, não facilitaria a entrada a Fernando Pessoa, caso ele estivesse entre nós, nem mesmo o poeta seria apanhado em " flagrante de litro ", no pequeno balcão, entornando um copo de três ...é que hoje, no famoso martinho da Arcada, já não há espaço para poetas nem utópicos.