domingo, 4 de abril de 2010

" VIAGENS COM/SEM BARREIRAS " DE ANTÓNIO SARAIVA - A CELEBRAÇÃO DA PINTURA NA CABANA !

Antonio Saraiva, entrou no micro-cosmos da Cabana desde a tertúlia com o padre Borga, onde assistiu entusiásticamente. Na verdade, já conhecia este histórico café há sete anos, aquando umas festas do Foral.
Contagiado pela vivência diária de Salvaterra de Magos e pela peregrinação sistemática á Cabana dos Parodiantes, António Saraiva acabou por pintar uma série de telas, cuja temática e técnica já vinha a explorar nos últimos anos.
António é um moderno nómada, não por opção, mas por defeito profissional, pois é professor de Educação Visual e Tecnológica não efectivo. Este ano está em Marinhais, para o ano só deus sabe e tem sido assim há quase uma década. As telas, as tintas e os cavaletes, essas, andam sempre atrás de António.
Desde a primeira vez que vi os trabalhos deste artista da Covilhã, senti uma forte brisa de liberdade, como se uma janela se abrisse para a alegria da celebração ou da contestação, pois, na minha leitura, tratam-se de manifestações vibrantes de rua, onde corpos indefenidos desenham coreografias, materializadas por pinceladas irrequietas que constroem falsos padrões. As cores fazem-se de azuis, sempre os azuis, incomodados a espaços por manchas de cores quentes sobre fundos também azuis, contaminados pela cor preta. O tom geral de anarquia, que se sente nas telas de António Saraiva é controlado pelo recurso a barras verticais de cor preta ou azul escuro, que delimitam lateralmente a pintura. A excepção a esta regra, regista-se exactamente no quadro que se pode ver acima deste texto, cuja barra, horizontal, divide ao centro a composição .
Mais uma vez o espaço Cabana, café, restaurante, salão de chá, pastelaria, foi vítima de uma intervênção artística que lhe alterou a sua concepção espacial. É que a Cabana dos Parodiantes tem essa especial vocação, a de se travestir sempre que uma nova exposição se espalha pelo seu espaço e a exposição de pintura " Viagens com/sem barreiras " de António Saraiva cumpriu mais uma vez esse fado.
Não preciso de convidá-los a visitarem esta exposição, pois há muito que vocês são da casa.