quinta-feira, 30 de outubro de 2008

A PRIMEIRA ILUMINAÇÃO NA VILA DE SALVATERRA DE MAGOS


VITORINO DOS CANDEEIROS
Em 1930, sabia-se em Salvaterra de Magos, que Lisboa tinha iniciado em 1848, o seu sistema de iluminação pública, com 28 candeeiros que, foi aumentando com o decorrer dos anos e, em 1889, eram já cerca de 7000 os candeeiros acessos na cidade, recebendo gás produzido à base de carvão.

A vila de Salvaterra, confinava-se ainda às suas 7 ruas primitivas, dando mostras de querer expandir-se lá para os lados da Praça de Toiros e, dos terrenos que viriam a ser ocupados pela Horta do Sopas. Até aí as ruas, não tinham iluminação, as habitações continuavam à noite, a consumir velas de cera e lamparinas à base de azeite e outras gorduras. Muitas cidades e vilas do país, já usavam o carbureto, na iluminação das suas ruas.
O elenco camarário de António Sousa Vinagre,deliberou colocar quatro candeeiros, com gasómetros a carbureto, nas ruas de Salvaterra de Magos, para isso deu trabalho a José Duque, que foi para Santarém, durante uma semana, fazer aprendizagem nos serviços da câmara daquela cidade. Em 1935, este deu lugar a filho Francisco, o Chico Duque, que por sua vez transitou o lugar a Albino Fróis Marques, que foi substituido por um tal Vitorino, homem vindo de Benavente. Este, ao entrar ao serviço da câmara foi encarregado da manutenção dos candeeiros e, do motor que fornecia água ao depósito da fonte, junto ao edifício municipal. Pela manhã cedo, ao nascer do dia, com um pequeno carro de mão provido de uma barrica com água, lá se via o Vitorino, fazendo a limpeza, dos gasómetros instalados nos quatro candeeiros nas ruas da vila. Neste trabalho, retirava o carbureto já transformado em massa e, deixava preparado o pequeno depósito de cada gasómetro abastecido com água limpa. A massa recolhida era para mais tarde ser utilizada pelos pedreiros da câmara, nos rebocos das paredes. Ao cair do dia, pelo luz-fusco, lá ia de novo o Vitorino, com a pequena escada ao ombro e, uma saca noutro, com as pequenas pedras de carbureto alimentar os gasómetros. Cada um, levava uma quantidade de cerca 500grs, para 6/7 horas de uma boa luz durante a noite.
O gás, libertado pela acção da água com o carbureto, saía por um pequeno tubo que, o Vitorino acendia com isqueiro de pederneira. O tempo dos Petromax, alimentados a petróleo, chegou por volta de 1940, a iluminação nocturna em Salvaterra, passou para oito pequenos candeeiros nos largos e ruas da vila.
Foram colocados candeeiros na esquina da rua João Gomes, com a rua Machado Santos (rua Direita); na esquina da actual rua 31 de Janeiro, com a avenida Dr. Roberto Fonseca; na esquina da rua Gen. Humberto Delgado (Porfírio Neves da Silva) com a Azenhaginha; entrada da rua Dr. Gregório Fernandes, lado da avenida. Foram construídos postos em cimento, com candeeiros, no Largo dos Combatentes; Largo da República, entre o edifício municipal e a Igreja Matriz; Junto à Fonte S. Sebastião e no cais da vala.
Com esta inovação, o trabalho do Vitorino era agora de manhã apagar os candeeiros e recargá-los de petróleo e, á noite depois de alguma pressão no depósito, para gaseificar, acender o aparelho, através de uma camisa que, dava uma chama azulada, ficando protegida por um vidro cilindrico, iluminando toda a noite um grande espaço em seu redor.
Em 1948, tudo isto passou à memória do povo, pois o abastecimento de energia eléctrica a Salvaterra, foi um acontecimento, cuja inauguração teve honras de grande acontecimento público. Há uns tempos foram feitos umas réplicas daqueles candeeiros, que estão na zona nobre da vila, recordando os originais.
Porque conhecemos, o Vitorino dos Candeeiros, aqui o recordamos!...

José Gameiro
Nota: Na Foto em primeiro plano está o Vitorino "dos Candeeiros " e o autor deste texto - ano de 1954

segunda-feira, 27 de outubro de 2008




Últimas semanas para apreciar as antiguidades da Falcoarte na Cabana dos parodiantes.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

INTRODUÇÃO DE SILVESTRE PEDROSA ´TERTÚLIA SOBRE ARISTIDES DE SOUSA MENDES





Fazer a introdução á " Conversa " de hoje, é para mim uma gramnde satisfação e paralelamente um grande incómodo. Como apresentar alguém tão imensamente grande? Vale-me a grandeza humana de Aristides de Sousa Mendes (ASM); cito o nome, calo-me e está tudo feito!



Mas como resistir a não falar? Daí que não me contenha a um ou a dois apontamentos que visam tão só apelar à nossa reflexão.


aristides foi dos poucos capazes de se recusarem a cumprir as desumanas ordens que violentavam o seu caracter humanista. Fez tudo o que pode para salvar vidas.




Por força do seu humanismo e sentido cristão, foi perseguido e abandonado.




Perseguido pela ditadura salazrista que lhe não perdoou o humanismo e consequente desobediência. Ditadura que aceitou os agradecimentos enderessados pelas democracias por causa das vidas salvas pelo cônsul desobediente. que hipocrisia!




Nestes tempos em que, desavergonhadamente se procura branquear o salazarismo, será bom que estejamos atentos às realidades.




Atente-se ao que, o seguramente mais activo detergente do salazarismo, disse nas suas memórias sobre ASM: o cônsul vendeu com a cumplicidade de policias do regime, vistos falsificados a emigrantes com dinheiro - sem comentários.




Abandonado! ASM era profundamente católico, contudo a sua igreja, que estava de mão dada com o regime, abandonou-o! Curiosamente a mesma igreja que anos mais tarde canonizou o autor desta pérola de pesamento inserida em missiva a um membro do seu Opus Dei: Hitler não deve ter sido tão mau como dizem. Não pode ter matado 6 milhões. Não deve ter passado dos 4 Milhões, Josemaria Escrivá de Balaguer.




Pode-se dizer que finalmente a memória de ASM está reabilitada e o cônsul já ocupa o lugar que lhe é devido? Gostaria de pensar que sim, mas tal não me parece. Nem a coumuidade Judia nem a democracia ainda o colocaram no pedestal que lhe é devido.



Cabe a cada um de nós exigir que se derrubem os ídolos com pés de barro e que se homenageem os nossos verdadeiros heróis.


Silvestre Pedrosa, moderador

terça-feira, 14 de outubro de 2008

FOI DE ARISTIDES DE SOUSA MENDES QUE A NOITE FOI FEITA!!!










A noite começou um pouco mais cedo que o habitual; a oradora principal, estava debilitada com uma constipação, e desejava chegar cedo a Lisboa, cidade onde vive desde sempre. Maria Barroso, actriz de formação que, por ser casada com Mario Soares, teve que abraçar a política por consequência, veio representar a Fundação Aristides de Sousa Mendes, na qualidade de Presidente, porque seria de Aristides de Sousa Mendes (ASM) que a noite iria ser feita.

Os dois netos de ASM ainda não tinham chegado á Cabana dos Parodiantes, pois tinham-se comprometido a vir tomar um café e um barrete connosco. Mesmo assim, deu-se início á tertúlia, com apenas 16 pessoas. Não era para menos, faltava meia hora para as 22 horas e os habitués das conversas da Cabana veêm á própria da hora.

A antiga primeira dama de Portugal, falando de pé e rejeitando o microfone, iniciou a sua prelecção, fazendo uma descrição do que foi o calvário dos judeus alemães, desde que Adolf Hitler subiu, á força, ao poder do Reichstag. Milhares de refugiados judeus fugiram para essa Europa fora, saltando fronteiras germânicas, mas a maioria haveria de morrer em campos de concentração, em condições tão mórbidas que, ainda hoje, nos é difícil conceber tal horror.

Foi debaixo dos ecos desse horror que três dezenas de milhar de judeus pediram auxílio ao cônsul de Portugal em Bordéus, Aristides de Sousa Mendes, afim de que este lhes concedesse vistos para entrarem em Portugal e aí escaparem a morte certa. Contou a oradora, que o cônsul teve a percepção exacta, antes de decidir carimbar os vistos, que iria perder tudo o que tinha construido até então. Sabia que iria ser despedido e perseguido até á sua morte. Terá reunido mesmo com a familia e comunicado com pesar que, depois daquele acto, nada seria igual e, possivelmente, teriam tambêm eles que fugirem e se refugiarem noutros países. Mesmo assim, o seu enorme coração humanista não conseguiu resistir ao drama daquela gente e desobedeceu a Salazar. Durante três dias e duas noites, Aristides e dois dos seus filhos, passaram vistos a uma multidão que não arredou pé durante vários dias, acampando dentro do consulado e nos jardins, assim como nas ruas próximas. Não satisfeito, ASM terá se deslocado a Bayonne e Hendaye, e carimbado mais uns milhares de vistos, perante a passividade dos funcionários dos respectivos consulados em França. Maria Barroso, aproveitou a deixa e pintou-nos o retrato de um Portugal cinzento e sinistro, país esse que ela viveu e que tambêm ela comeu o pão que o diabo amassou, assistindo á perseguição política do regime ditadorial ao seu marido, Mário Soares.

Já com uma hora de duração e com algumas questões postas pelos convivas, sentia-se que pouco mais haveria a dizer sobre o tema. Faltava o testemunho de alguém que tivesse vivido aqueles acontecimentos, experiênciado bem de perto as consequências de tal acto desobediente numa sociedade vigiada bem de perto pela ditadura do Estado Novo. Eis que a porta automática abre e surgem dois vultos bem vestidos, de recorte clássico, aparentando estarem perto dos sesenta anos. Fizeram um compasso de espera e logo Maria Barroso esboçou um sorriso : "São os netos de Aristides...! Mais vale tarde do que nunca e " o combate foi salvo pelo gongue! ". Feitas as apresentações de António de Sousa Mendes e Álvaro de Sousa Mendes, esperava-se agora os verdadeiros testemunhos.

Alguém perguntou, como foi crescer e viver toda a vida com o apelido de Sousa Mendes. Álvaro logo respondeu que tem sido um motivo de orgulho indescritível e simultâneamente uma mágoa constante por toda a revolta que o seu pai sentiu e por ainda hoje não ter sido feita a justiça devida à memória do seu avô. António sempre se habituou á ideia de que esse assunto em casa de sua mãe, irmã de ASM, ser algo interdito, votado ao silêncio.

Sobre o verdadeiro paradeiro dos restos mortais do corajoso cônsul, uma senhora presente, afiançou quase ter a certeza que se encontram em França, perto de Paris, teoria essa que foi negada ainda por Maria Barroso, no decorrer da primeira parte da conversa, e duplamente posta de parte, já no fim, pelos descendentes de ASM.

Em relação á polémica lançada pelo historiador, antigo ministro da Educação de Marcelo Caetano, José Hermano Saraiva, no concurso dos Dez Mais Portugueses, os ânimos esquentaram um pouco. António de Sousa Mendes disse achar completamente ridículo a teoria do historiador de que o verdadeiro obreiro da vinda dos 30 mil judeus para Portugal ter sido os Caminhos de Ferro de Portugal, quando esta companhia se limitou a transportar os refugiados que pagaram os seus bilhetes. Coube á Policia de vigilância e defesa do Estado - PVDE, proceder ao controlo na fronteira de Portugal com Espanha, dos passageiros e em colaboração com os aliados, colocá-los em diversos pontos do país, em segurança. Tratou-se, segundo António, de uma manobra desesperada para desacreditar a opinião pública do valor de ASM. Álvaro concretizou, que ninguém na familia quis tirar, nunca, proveitos ou louros, da proeza do seu avô, nem irão precisar de se justificar, pois a história impõe-se na História e a verdade virá ao de cima, naturalmente. A prova disso mesmo, está, segundo António de Sousa Mendes, na criação do Museu de António de Sousa Mendes, em Cabanas de viriato, antiga residência da familia Sousa Mendes.

Silvestre Pedrosa, moderador desta " Conversas da Cabana ", representante da Casa da Europa do Ribatejo ( colaboradora desta tertúlia ), deu por terminada mais uma noite sem televisão, com cerca de cinquenta tertulianos ávidos de conhecimento e espírito de partilha.

A Cabana dos parodiantes, proporcionou de uma forma simples, que se fizesse justiça a Aristides de Sousa mendes.



O mundo era mais justo se houvesse um Aristides em cada esquina.



Agradecimentos á Escola Profissional de Salvaterra de Magos, pelo empréstimo do material multimédia.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008



Esta notícia é dirigida a todos aqueles que coleccionam o conhecimento e amam a liberdade!


Na próxima 5ª feira, dia 9 de Outubro, vamos receber a Fundação Aristides de Sousa Mendes. Virá representá-la a sua presidente, dra Maria Barroso e o neto do próprio Aristides, Álvaro de Sousa Mendes.


Vai ser a primeira Conversas da Cabana dedicada aos " Heróis da liberdade ", outras duas tertúlias virão, homenageando outras duas figuras portuguesas, sobejamente conhecidas do nosso imaginário.


Sobre esta noite de 9 de Outubro, posso vos dizer que será certamente inesquecível:


- devido á curiosidade que Aristides de Sousa Mendes provoca em todos aqueles que vão conhecendo a sua grandiosa proeza de salvar 30 mil judeus de morte certa nas mãos dos nazis, na 2ª guerra mundial; contribuindo para isso a sua posição de consul em França e a sua incomensurável coragem.-


- devido á qualidade dos dois oradores, que dispensam apresentações.


Esta tertúlia, que se adivinha aliciante, só será possível, graças á colaboração da Casa da Europa do Ribatejo.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

ABRAM MAIS MATERNIDADES !! PARADA DA PARÓDIA VIII



Adivinha-se uma grande recessão a nível mundial, com o império capitalista dos Estados Unidos a desmoronar-se como um castelo de cartas. Depressa teremos em Portugal e no resto da Europa, as consequências dessa hecatombe. Uma das medidas que os homens tomam nestas ocasiões, é resolverem ficar em casa, por falta de pilim para os seus vícios.


Com a televisão que temos, nivelada por baixo, no que diz respeito á qualidade dos seus programas, espera-se para Portugal, um aumento substâncial da natalidade, já em 2009.


Abram mais maternidades !! Que o digam os Parodiantes de lisboa com esta capa de 8 de Março de 1962, respeitante ao nº 60, da revista Parada da Paródia. Futuristas de primeira água.