sexta-feira, 14 de setembro de 2007

" O SIDDHARTHA " - A PROPÓSITO DA VISITA A PORTUGAL DO LÍDER ESPIRITUAL E POLÍTICO DO TIBETE, DALAI LAMA


Quase meia centena de portugueses ajudam mensalmente na educação de cerca de 800 crianças tibetanas a viver na Índia, Nepal e Butão, ao abrigo do projecto Siddhartha criado por um lama tibetano.O Siddhartha tem por objectivo o apadrinhamento de crianças-monges que vivem nos mosteiros, garantindo-lhes as necessidades básicas (alimentação, vestuário e cuidados médicos) e assegurando-lhes a possibilidade de uma educação e de uma prática espiritual nas melhores condições.Os cerca de 50 portuguesas contribuem com 1,15 euro por dia para a subsistência e educação de pelo menos 800 crianças, garantindo-lhes um futuro condigno.Desde 2001, ano da primeira visita a Portugal do líder espiritual tibetano Dalai Lama, que o projecto deu os primeiros passos em território português através da Casa de Cultura do Tibete.Em declarações à agência Lusa, José Cardal, responsável da Casa de Cultura do Tibete, referiu que o apoio a este projecto vai ao encontro da cultura tibetana, que não tem existência própria fora do quadro espiritual."Apoiar os monges é estar também a promover a preservação da cultura", adiantou.A escolha do nome Siddhartha para este projecto, explicou, tem um sentido: "Era o nome do príncipe que se transformou em Buda".Os padrinhos poderão escolher varias modalidades: encargo total (que implica o pagamento mensal de 35 euros), o encargo parcial (destinado à alimentação e que se situa nos 24 euros por mês) ou o encargo complementar (com a doação de onze euros por mês).Após a invasão do seu país pelas tropas chinesas, os tibetanos que conseguiram escapar aos massacres que ocorreram no Tibete exilaram-se nos países vizinhos (Nepal, Butão, Índia) e para a maioria dos refugiados as condições de vida são extremamente difíceis sendo a condição das crianças a mais precária.Os mosteiros são assim os lugares de acolhimento das crianças e adolescentes em situações de perigo mas para a maior parte destes mosteiros a única possibilidade de superar as dificuldades quotidianas reside numa ajuda exterior.Ao todo são cinco os mosteiros que beneficiam deste projecto.Portugal apadrinha o mosteiro de Orgyen Kunsang Chokhorling, fundado por Kangyur Rinpoche em Darjeeling, na Índia.Segundo a Casa de Cultura do Tibete, ajudar os tibetanos é ajudar um povo a preservar a sua cultura milenar, cuja originalidade e riqueza filosófica e espiritual é património da Humanidade.O montante oferecido por cada padrinho é a soma necessária, em termos teóricos, para cuidar de uma criança, mas como ainda não foi possível apadrinhar todas as crianças tudo é partilhado.O objectivo, explicou José Cardal, é evitar desigualdades entre as crianças, o que constituiria uma situação incompatível com a vida comunitária dos mosteiros.Os donativos são entregues ao Lama responsável pelo mosteiro que os utiliza nas despesas relacionadas com as necessidades básicas de todas as crianças e as crianças são informadas sobre a origem do apoio que recebem sem menção particular a um padrinho.Embora não se estabeleça uma ligação pessoal entre o afilhado e o padrinho, este último recebe notícias sobre as actividades que ocorrem no mosteiro durante o ano, assim como fotografias da vida quotidiana dos meninos-monges que residem no mosteiro que patrocina.
in, http://radiomacau.blogspot.com/