segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

Fora da toca

Pessoas

A floresta é densa e escura. É um lugar onde se coloca aquilo que não se utiliza, que não serve os desígnios do socialmente correcto. Ao mesmo tempo é um reservatório de descobertas para aqueles que tiverem coragem e humildade de as procurar.
Na floresta, entre os pinheiros, existe uma cova. Dentro dela, nas suas negras profundezas, está um ser ferido, abandonado, que por gemidos comunica com o exterior.
Pessoas há que passam e, assustadas, se afastam sem compreensão, outras, com alguma curiosidade, espreitam mas por indiferença retiram-se igualmente, outras perscrutam e embora não tendo coragem para penetrar no abismo procuram quem a tenha de forma a que o socorro chegue a todos.
O ideal, o outro lado, a nossa realização, passaria pela aventura da passagem em segurança para a descoberta de que o outro e nós formamos o mesmo ser. O esquelético e esfomeado é o mesmo que o aventureiro e bonacheirão, tudo é uno na sua duplicidade.
É evidente que no estado actual da humanidade apenas a alguns seja entregue tamanha responsabilidade. Ao ser socorrido curam-se as feridas e a fome até chegar o momento de nos reconhecermos nele e o amarmos na plenitude.

Ismael Bento da Cruz

3 comentários:

Anónimo disse...

afinal do que é que estás a tratar.já li o texto uma centena de vezes e não consigo vislunbrar que ser está retratado. será um elfo?
de futuro agradeço, eu e as minhas amigas, que o Ismael tire o turbante e assuma a sua ideologia.

Anónimo disse...

realmente
a resposta para o mistério
só pode ser um unicórnio

Anónimo disse...

há os poetas... e os outros...